terça-feira, 1 de junho de 2010

Coisa de vó

Há um tempo atrás, as avós davam conselhos para os netos, contavam partes de suas vidas e isso era muito bacana em ver as gerações interagindo.
Tinha aqueles ditados de que uma maçã podre no cesto, apodrece as demais...ou aquela que dizia que não podíamos lavar o cabelo menstruada...Mas, minha avó era mais moderna. Ela me dizia muitas coisas e vou contar alguma delas.
Não existe homem perfeito! Existe homens e mulheres que se encaixam em certos momentos da sua vida! Cabe a você escolher quem você vai querer se encaixar. Existem homens que à primeira vista parecem interessantes, que são obstinados a te conquistar. Estes, minha neta, tome cuidado! Não demonstram o que são logo de início...representam uma face que depois muda com o tempo. Prefira os que demonstram defeitos, que não fazem força para serem perfeitos. Estes são os que realmente querem algo sério com você.
Sabe, minha avó estava certa...já tive um namorado assim...Ele no início era dedicado. Pressionava para estarmos juntos todos os dias, passeávamos de scooter, de barco, de carrinho de manivela. Íamos em todos os lugares e a frase que ele mais gostava de me dizer era que adorava me surpreender.
Tivemos um relacionamento muito forte, muito intenso. Ele queria casamento, cachorro, periquito e eu queria tudo isso e mais uma coisa que ele fosse menos indeciso.
Um dia ele queria comprar uma lancha, noutro queria um skate motorizado. Num dia ele queria morar junto comigo, passava semanas na minha casa brincando de ser meu marido. De repente queria pensar mais um pouco, ditar as regras e recuava.
Vivemos estes impasses por uns meses, eu querendo mais decisões e ele querendo mais testes. O teste serviria para que? Para mostrar o que? Só sabemos de fato é experimentando. Na minha cabeça já estávamos experimentando pois ele não saia da minha casa. Chegou até me comprar um anel e dizia para todos que eu era a mulher da vida dele.
Cá entre nós, este papo de mulher da vida é muito estranho...eu já fui mulher da vida de um monte de caras (não é tão um monte assim...), acho que eles dizem isso para mostrar que somos especiais. Agora eu queria ver se depois de terminar, já que eu sou a mulher da vida, eles iriam cortar os pulsos, virar gays ou ir para um convento. Acho tudo isso um papo furado, mesmo!
Voltando à minha vida, ele era imbatível no assunto cuidar de mim, às vezes achava que ele queria ser meu pai. Até porque ele conversava, fazia programações, estávamos sempre juntos, mas na hora da intimidade, as coisas funcionavam de outro jeito.
Bom, nosso relacionamento causava inveja à algumas pessoas, estávamos sempre felizes, viajamos juntos, cozinhávamos junto. Cuidávamos um do outro. Porém, nem tudo é uma maravilha. Havia também muitos desentendimentos, muitas concessões e o principal: dúvidas!
Eu confesso que achei que ia me casar mesmo com ele, tanto que começamos a ver local, data, falamos com nossos pais e tudo. Porém, havia algo muito esquisito nele. A falta de carinho com a familia. O tempo passava e nunca eu podia conhecer a mãe dele. Isso foi ficando muito estranho. Como eu poderia me dedicar a minha vida, o meu coração à uma pessoa que não consegue me apresentar a sua própria mãe?
Como eu poderia acreditar que era a mulher da vida deste homem?
Esta angústia foi me consumindo e acho que também foi consumindo nossa relação. Começaram as grosserias por parte dele, aquele encanto de pessoa se transformou num menino que ao ser cutucado reagia intensivamente e asperamente.
Acho que o interesse de fato em mim começou a dissipar, pois eu não fazia mais parte das namoradas perfeitas, porque eu cobrava atitude. Uma coisa hoje eu sei: Ele não gostava que eu repreendesse, que eu falasse sobre estas faltas de atitudes...
Eu, com o objetivo não para ter um marido, mas para realmente despertar o verdadeiro homem que estava escondido nesta casca, tentava conversar. Mas ele era sempre reticente. Nesta muitas conversas às vezes aumentávamos o tom efomos perdendo um pouco do respeito.
Certa vez estávamos num bar, ele havia bebido um pouco além do que deveria, estavamos numa mesa com amigos e um deles estava marcando algo com uma garota, que deveria ter algo de 17 a 19 anos. O meu namorado querido ficou perguntando se a garota tinha amigas e se elas não queriam vir ao bar. Como elas não quiseram ir, ele falou que era para elas passarem na academia. O que eu fiz? Levantei e fui embora. Ele? Ficou no bar e sinceramente nem sei o que aconteceu. Duas horas mais tarde ele se deu conta que eu realmente fiquei chateada, ele me ligou. Não para me pedir desculpas, mas para brigar comigo pela minha atitude. Como eu disse que continuava chateada, que ele agiu mal, ele me mandou tomar...e ir pro....
No dia seguinte, vem flores, cartões...meu humor péssimo. Ele pede perdão e eu boba apaixonada, aceito.
O tempo passa...um mês depois, num dia importante para mim, que ele devia estar presente, me traiu.
A traição eu conto em um post próprio (continua...)

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